sexta-feira, 4 de maio de 2012

Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça


Glauber Rocha

  Tudo começa em 1952 com o I Congresso Paulista de Cinema Brasileiro e o I Congresso Nacional do Cinema Brasileiro. Por meio desses congressos, foram discutidas novas idéias para a produção de filmes nacionais. Uma nova temática de obras já começa a ser abordada e concluída mais adiante, por uma nova fase do cinema que se concretiza na década de 50.
Essa nova fase pôde ser bem refletida a partir do filme Rio, 40 Graus(1955), de Nelson Pereira dos Santos. As propostas do neo-realismo italiano que Alex Viany vinha divulgando, foram a inspiração do autor do filme.
Um trecho do livro A Fascinante Aventura do Cinema Brasileiro(1981), de Carlos Roberto de Souza, expressa bem quais eram as pretensões do cinema nessa época: "Rio, 40 Graus, era um filme popular, mostrava o povo ao povo, suas idéias eram claras e sua linguagem simples dava uma visão do Distrito Federal. Sentia-se pela primeira vez no cinema brasileiro o desprezo pela retórica. O filma foi realizado com um orçamento mínimo e ambientado em cenários naturais: o Maracanã, o Corcovado, as favelas, as praças da cidade, povoada de malandros, soldadinhos, favelados, pivetes e deputados". Surgia o Cinema Novo.
Empolgados com essa onda neo-realista e frustrados com a falência dos grandes estúdios paulistas, cineastas do Rio de Janeiro e da Bahia, resolveram elaborar novos ideais ao cinema brasileiro. Tais ideais, agora, seriam totalmente contrários aos caríssimos filmes produzidos pela Vera Cruz e aversos às alienações culturais que as chanchadas refletiam.
O que esses jovens queriam era a produção de um cinema barato, feito com "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça". Os filmes seriam voltados à realidade brasileira e com uma linguagem adequada à situação social da época. Os temas mais abordados estariam fortemente ligados ao subdesenvolvimento do país.
Outra característica dos filmes durante o cinema novo é que eles tinham imagens com poucos movimentos, cenários simplórios e falas mais longas do que o habitual. Muitos ainda eram rodados em preto e branco.