terça-feira, 16 de outubro de 2012

Prêmio Estadual de Cinema e Vídeo volta a ser disputado em 2012

Sem acontecer desde 2008, o prêmio volta com o valor de 1,5 milhão que será dividido para produção de um longa e três curtas

Cena do filme Curitiba Zero Grau
 
         Os produtores de cinema do Paraná têm mais um motivo para comemorar nesse ano: o Prêmio Estadual de Cinema e Vídeo, que foi esquecido por algum tempo no calendário cultural do Paraná, abre suas inscrições novamente e está disponibilizando um alto valor para os ganhadores. Instituído por meio da Lei n.º 14.279, o valor total soma R$ 1,540 milhão para a produção de quatro filmes, sendo um longa metragem e três telefilmes. Entre as modalidades, podem concorrer: ficção, documentário, animação e também temática livre.
 
O objetivo da criação do prêmio é fomentar o desenvolvimento audiovisual no Paraná, aumentando a produção e fornecendo recursos para os realizadores criarem obras de valor artístico competitivas no circuito comercial, explica Fernando Severo, cineasta e diretor do Museu de Imagem e do Som do Paraná. Ele conta também, que o valor recebido pelo ganhador só pode ser usado para produção do filme, a divulgação será um custo à parte.
As questões mais discutidas acerca do prêmio são o fato do valor ser insuficiente para produção e não receber reajuste desde o início de sua criação, e também por que aconteceu somente três vezes em um período de oito anos. Segundo a secretaria da cultura, em 2011 o orçamento precisou ser alterado por conta das enchentes no litoral do estado. Já nos anos anteriores a gestão era diferente da atual. A correção do valor só poderá ser feita com alteração na lei, que só estabelece o montante e não prevê a correção.
As inscrições estão abertas desde o dia 16 de agosto e seguem até 05 de outubro de 2012 e, para concorrer ao prêmio, os projetos propostos devem, obrigatoriamente, ser inéditos, além de atender aos seguintes requisitos: ter registro na Ancine (Agência Nacional de Cinema), a produtora deve estar sediada no Paraná há no mínimo dois anos, o elenco do filme deve ser composto por pelo menos 70% de atores paranaenses e, por fim, o diretor e mais três componentes da equipe devem residir no Paraná.
Esse incentivo às produções paranaenses acontece desde 2004. Entre os filmes que foram premiados nas edições passadas, estão os longas, “Corpos Celestes”, de Fernando Severo e Marcos Jorge, “Mistéryos”, dirigido por Beto Carminatti e Pedro Merege Filho e "Curitiba Zero Grau", de Eloi Pires Ferreira, que estreou recentemente nos cinemas. Além deles, também foram premiados curtas, documentários e telefilmes.
Em entrevista ao blog, quando questionado sobre o espaço de tempo entre as edições do prêmio e o valor dele, Eloi Pires Ferreira, diretor do último filme vencedor, diz que, nesse caso, “o próprio estado não está respeitando a legislação”. Para o diretor as lacunas deixadas durante os anos que não houve edição, prejudicaram a cena cinematográfica paranaense, pois diversas obras não puderam ser produzidas. Eloi destaca que além de termos mais filmes no Paraná, quem trabalha na área estaria praticando, aprendendo mais, assim como o setor estaria gerando mais empregos e movimentando a economia. “O cinema é algo caro de se fazer, mas consolida cultura, e tem a característica de ser uma atividade estratégica, inclusive economicamente”, salienta.  A respeito dos valores, ele afirma que estão baixos para produção: “Estes valores são os mesmos desde que o Prêmio foi criado, em 2004. Deveria existir um indexador, que reajustasse o valor a cada ano. Gastamos cerca de R$ 1.300 milhão com a finalização do filme, eu e os outros produtores, acabamos tendo que utilizar dinheiro próprio”.
O diretor ainda conta que hoje seria impossível realizar uma produção com o porte da sua, com o valor oferecido pelo Prêmio. “Se considerarmos valores de um filme como esse, orçado nos padrões do eixo Rio - São Paulo ficaria entre dois ou três milhões de reais”, acrescenta. Segundo o diretor, uma série de imprevistos acaba deixando o filme mais caro. Além disso, à medida que o tempo vai passando, pela lógica da economia, os preços de diversos produtos e outros fatores, como mão de obra, materiais de produção, entre outros, acabam aumentando.
Os interessados em concorrer ao prêmio devem conferir todas as informações no site da Secretaria da Cultura (www.cultura.pr.gov.br) e ficar atentos. Após fazer a inscrição cumprindo as regras estabelecidas pelo Edital, é necessário aguardar o julgamento dos projetos que é feita da seguinte maneira: Inicialmente eles passam por uma comissão de credenciamento, que analisa se estão de acordo com essas regras. Feito isso, os projetos habilitados são encaminhados para uma comissão de avaliação que é composta por três membros, indicados pelas entidades de classe e pela Secretaria de Estado da Cultura, explica Fernando Severo.
Cena do longa Mistéryos, de Beto Carminatti

Projetos já contemplados
Na primeira edição, em 2004, foram selecionados o longa “Corpos Celestes”, de Fernando Severo e Marcos Jorge, e os curtas “Caminho da Escola”, de Heloisa Passos, “Made in Ucrânia – Os Ucranianos no Paraná”, de Guto Pasko, e “O Coro”, de Werner Schumann. Na segunda edição, em 2005, “Mistéryos”, longa dirigido por Beto Carminatti e Pedro Merege Filho, e os telefilmes “Belarmino e Gabriela”, de Geraldo Pioli,“Guerra Dentro da Gente”, de Paulo Munhoz, e “Amadores do Futebol”, de Eduardo Baggio.
Em 2008, na terceira edição do Prêmio Estadual de Cinema, os três telefilmes classificados foram "Deserto D'Água", documentário de Heloisa Passos, "Geada Negra", documentário de Adriano Luís Andrade Justino, e "Gol a Gol", ficção de Adriano Esturilho e Fábio Allon. Além destes, foi contemplado o longa-metragem “Curitiba Zero Grau”, com direção de Eloi Pires Ferreira, que estreou nos cinemas no dia 17 de agosto desse ano.
“Curitiba Zero Grau”, conta a história de quatro personagens, cada qual com rotinas e realidades diferentes, mas que durante o decorrer do filme acabam se relacionando de alguma forma. Como o próprio nome remete, a ficção se passa em Curitiba, em uma típica semana fria da cidade. Cada personagem tem o núcleo de seu cotidiano parecido, trabalho, família, dilemas pessoais. Porém o fator econômico, a forma como cada um toma suas decisões e levam suas vidas, os diferencia.