Mais conhecidos como irmãos Schumann, Willy e Werner nasceram em União da Vitória, cidadezinha do sul do Paraná. Mas após três anos, em 1968, a família mudou-se para Curitiba. Atualmente, Werner mora na Inglaterra e Willy, que chegou a morar em Munique, Alemanha, voltou a morar na capital paranaense.
Werner estudou fotografia, roteirização e montagem na Fundação Cultural de Curitiba e Willy é formado em Jornalismo, diretor de cinema e produtor audiovisual. Os dois já desenvolveram vários projetos juntos, entre eles os filmes “De Bona - Caro Nome”(vencedor do Prêmio Fiat do Brasil), “Ervilha da Fantasia” (sobre o poeta Paulo Leminski), “Pioneiro do Cinema” (vencedor do Prêmio do Governo do Estado do Paraná e do Tatu de Ouro de Melhor Ficção na XXI Jornada Internacional de Cinema da Bahia), entre outros.
Abaixo vocês lerão a entrevista que fizemos com o cineasta Willy, que conta um pouco sobre sua história e sua vivência no mundo do cinema. Não deixe de conferir os links vinculados aos filmes citados!
O WILLY
- Quando percebeu que gostava de cinema?
Foi em meados da década de 80. Éramos muito jovens e descobrimos a possibilidade de fazer filmes na bitola 8 mm, através de cursos promovidos pela Cinemateca do Museu Guido Viaro, atual Cinemateca de Curitiba.
- Há alguma figura do mundo do cinema em que se espelhe?
Seria um “lugar comum” ficar citando cineastas que nos influenciaram ou os filmes que foram mais impactantes para nós, mas claro que há vários diretores europeus e americanos que, a partir de seus filmes, enriqueceram a nossa maneira de fazer filmes.
OS SCHUMANN
Werner e eu somente trabalhamos juntos quando há um projeto fílmico de interesse comum. Trabalhar com ele é ótimo porque é um homem centrado naquilo que faz. Temos uma relação de muita amizade e cumplicidade.
- Em seus primeiros trabalhos, acreditavam que chegariam tão longe?
Nós não pensávamos a respeito. O que nos fascinava era a magia de se contar uma história através da construção imagética.
A PARCERIA
- Qual o prêmio recebido que mais te surpreendeu, que achava que não iriam ganhar?
Foi no inicio da década de 90. Um dos prêmios que nos surpreendeu foi o troféu “Tatu de Ouro” de Melhor Ficção na XXI Jornada Internacional de Cinema da Bahia pelo filme “Pioneiro do Cinema”, que foi roteirizado, dirigido e interpretado por nós. Aliás, nós nunca fizemos cinema para buscar prêmios. Os festivais são necessários porque há uma grande visibilidade para mostrar um filme independente.
- Poderia fazer um comentário sobre o filme “Ervilha da Fantasia”,vencedor do Curitiba Arte10, e também sobre “O Coro”?
O filme “Ervilha da Fantasia”, que é co-produzido por mim e dirigido pelo Werner, foi feito sem pretensão alguma. Queríamos registrar o pensamento do poeta Paulo Leminski que tínhamos contato e nos fascinava pela sua obra. Com o passar do tempo, o filme se tornou importante pelo registro de um artista, pensador imortal. São os caprichos da história cultural do nosso país.
“O Coro” é um filme, cuja temática, abre uma importante discussão sobre o existencialismo, além de ter uma linguagem, que de certa maneira, foi influenciada por esse período em que vivemos na Europa. O Werner hoje ainda mora na Inglaterra, e eu, que vivi por dois anos na Alemanha, em Munique, agora estou no Brasil.
Ervilha da Fantasia
O Coro
Ervilha da Fantasia
VISÃO
- Qual a principal diferença que você identifica entre o cinema brasileiro e o cinema exterior?
O que difere o cinema brasileiro do cinema europeu ou americano é a sua linguagem e propósito cultural. Até mesmo a luz tropical é bem diferente da luz europeia e americana.
- Como você enxerga o cinema curitibano perante o resto da produção do país?
É um cinema que vem ganhando espaço. A partir do momento que se produz filmes de qualidade, se ganha o respeito da crítica e consequentemente acaba indo de encontro a uma possibilidade mercadológica. Você pode produzir um filme no lugar mais remoto do planeta, mas se ele tiver alguma consistência ele terá seu espaço.
- Em que fase acredita que o cinema brasileiro se encontra: ainda iniciando, já possui grandes projetos, ou longe de se destacar na esfera internacional?
O cinema brasileiro é um cinema de muitas fases. Enquanto indústria de entretenimento ainda não se estabeleceu e isso ainda vai levar muito tempo. Apenas um filme ou outro acaba virando destaque internacional e consequentemente terá uma carreira mais longa.
O FUTURO
- Está com algum projeto em andamento?
Estou finalizando o longa metragem “Música & Violência” que conta a história de quatro músicos matadores de aluguel em Curitiba. Este filme ainda não tem previsão de lançamento.
- Qual o seu sonho?
Creio que é necessário dar continuidade ao trabalho que iniciamos ainda quando garotos. Vamos continuar trabalhando a partir dessa necessidade de expressão cultural, seja através da imagem ou de novas plataformas tecnológicas. Meu sonho é continuar produzindo, independente das circunstâncias.
Além de cineasta sou jornalista por formação e quero desenvolver projetos que envolvam o cinema e o jornalismo, que também é minha grande paixão. Estou também muito focado na literatura. Em breve lanço o meu primeiro romance intitulado “Cidade dos Monges”, inspirado no período em que trabalhei na Europa como correspondente internacional para a revista Bem Público. O sonho é um importante estimulante para materializar aquilo que almejamos.
O cineasta Willy também trabalha em sua produtora "041 Cine & Vídeo" e possui uma coluna no site Paraná Online.
Produção: Rubia Oliva e Julio Glodziesnki
Texto: Letícia Donadello
Correção: Virginia Crema e Aline Przybysewski
Edição: Etiene Mandello
Correção: Virginia Crema e Aline Przybysewski
Edição: Etiene Mandello
Imagens: Divulgação
041 Cine & Vídeo