Sem acontecer desde 2008, o prêmio volta com o valor de 1,5 milhão que será dividido para produção de um longa e três curtas
Cena do filme Curitiba Zero Grau
Cena do filme Curitiba Zero Grau
Os
produtores de cinema do Paraná têm mais um motivo para comemorar nesse ano: o
Prêmio Estadual de Cinema e Vídeo, que foi esquecido por algum tempo no
calendário cultural do Paraná, abre suas inscrições novamente e está
disponibilizando um alto valor para os ganhadores. Instituído por meio da Lei
n.º 14.279, o valor total soma R$ 1,540 milhão para a produção de quatro
filmes, sendo um longa metragem e três telefilmes. Entre as modalidades, podem
concorrer: ficção, documentário, animação e também temática livre.
O
objetivo da criação do prêmio é fomentar o desenvolvimento audiovisual no
Paraná, aumentando a produção e fornecendo recursos para os realizadores
criarem obras de valor artístico competitivas no circuito comercial, explica
Fernando Severo, cineasta e diretor do Museu de Imagem e do Som do Paraná. Ele
conta também, que o valor recebido pelo ganhador só pode ser usado para
produção do filme, a divulgação será um custo à parte.
As
questões mais discutidas acerca do prêmio são o fato do valor ser insuficiente
para produção e não receber reajuste desde o início de sua criação, e também
por que aconteceu somente três vezes em um período de oito anos. Segundo a
secretaria da cultura, em 2011 o orçamento precisou ser alterado por conta das
enchentes no litoral do estado. Já nos anos anteriores a gestão era diferente
da atual. A correção do valor só poderá ser feita com alteração na lei, que só
estabelece o montante e não prevê a correção.
As
inscrições estão abertas desde o dia 16 de agosto e seguem até 05 de outubro de
2012 e, para concorrer ao prêmio, os projetos propostos devem, obrigatoriamente,
ser inéditos, além de atender aos seguintes requisitos: ter registro na Ancine
(Agência Nacional de Cinema), a produtora deve estar sediada no Paraná há no
mínimo dois anos, o elenco do filme deve ser composto por pelo menos 70% de
atores paranaenses e, por fim, o diretor e mais três componentes da equipe
devem residir no Paraná.
Esse
incentivo às produções paranaenses acontece desde 2004. Entre os filmes que
foram premiados nas edições passadas, estão os longas, “Corpos Celestes”, de
Fernando Severo e Marcos Jorge, “Mistéryos”, dirigido por Beto Carminatti e
Pedro Merege Filho e "Curitiba Zero Grau", de Eloi Pires Ferreira,
que estreou recentemente nos cinemas. Além deles, também foram premiados
curtas, documentários e telefilmes.
Em
entrevista ao blog, quando questionado sobre o espaço de tempo entre as
edições do prêmio e o valor dele, Eloi Pires Ferreira, diretor do último filme
vencedor, diz que, nesse caso, “o próprio estado não está respeitando a
legislação”. Para o diretor as lacunas deixadas durante os anos que não houve
edição, prejudicaram a cena cinematográfica paranaense, pois diversas obras não
puderam ser produzidas. Eloi destaca que além de termos mais filmes no Paraná,
quem trabalha na área estaria praticando, aprendendo mais, assim como o setor
estaria gerando mais empregos e movimentando a economia. “O cinema é algo caro
de se fazer, mas consolida cultura, e tem a característica de ser uma atividade
estratégica, inclusive economicamente”, salienta. A respeito dos valores, ele afirma que estão
baixos para produção: “Estes valores são os mesmos desde que o Prêmio foi
criado, em 2004. Deveria existir um indexador, que reajustasse o valor a cada
ano. Gastamos cerca de R$ 1.300 milhão com a finalização do filme, eu e os
outros produtores, acabamos tendo que utilizar dinheiro próprio”.
O diretor
ainda conta que hoje seria impossível realizar uma produção com o porte da sua,
com o valor oferecido pelo Prêmio. “Se considerarmos valores de um filme como
esse, orçado nos padrões do eixo Rio - São Paulo ficaria entre dois ou três
milhões de reais”, acrescenta. Segundo o diretor, uma série de imprevistos
acaba deixando o filme mais caro. Além disso, à medida que o tempo vai
passando, pela lógica da economia, os preços de diversos produtos e outros
fatores, como mão de obra, materiais de produção, entre outros, acabam
aumentando.
Os
interessados em concorrer ao prêmio devem conferir todas as informações no site
da Secretaria da Cultura (www.cultura.pr.gov.br) e ficar atentos. Após fazer a
inscrição cumprindo as regras estabelecidas pelo Edital, é necessário aguardar
o julgamento dos projetos que é feita da seguinte maneira:
Inicialmente eles passam por uma comissão de credenciamento, que analisa
se estão de acordo com essas regras. Feito isso, os projetos habilitados são
encaminhados para uma comissão de avaliação que é composta por
três membros, indicados pelas entidades de classe e pela Secretaria de
Estado da Cultura, explica Fernando Severo.
Projetos
já contemplados
Na primeira
edição, em 2004, foram selecionados o longa “Corpos Celestes”, de Fernando
Severo e Marcos Jorge, e os curtas “Caminho da Escola”, de Heloisa Passos,
“Made in Ucrânia – Os Ucranianos no Paraná”, de Guto Pasko, e “O Coro”, de
Werner Schumann. Na segunda edição, em 2005, “Mistéryos”, longa dirigido por
Beto Carminatti e Pedro Merege Filho, e os telefilmes “Belarmino e Gabriela”,
de Geraldo Pioli,“Guerra Dentro da Gente”, de Paulo Munhoz, e “Amadores do
Futebol”, de Eduardo Baggio.
Em 2008,
na terceira edição do Prêmio Estadual de Cinema, os três telefilmes
classificados foram "Deserto D'Água", documentário de Heloisa Passos,
"Geada Negra", documentário de Adriano Luís Andrade Justino, e
"Gol a Gol", ficção de Adriano Esturilho e Fábio Allon. Além destes,
foi contemplado o longa-metragem “Curitiba Zero Grau”, com direção de Eloi
Pires Ferreira, que estreou nos cinemas no dia 17 de agosto desse ano.
“Curitiba
Zero Grau”, conta a história de quatro personagens, cada qual com rotinas e
realidades diferentes, mas que durante o decorrer do filme acabam se
relacionando de alguma forma. Como o próprio nome remete, a ficção se passa em
Curitiba, em uma típica semana fria da cidade. Cada personagem tem o núcleo de
seu cotidiano parecido, trabalho, família, dilemas pessoais. Porém o fator
econômico, a forma como cada um toma suas decisões e levam suas vidas, os
diferencia.
ok. aguardo postagens do diário de bordo.
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